O desejo.
Um nó. Dois nós. Três nós. O direito, o de correr, o de marinheiro,... dou nós e mais nós com os dedos entrelaçando fio. Tento criar complexidade entre linhas. Elas são inúmeras e parecem não se cruzar, mas nó após nó formas se atingem. Criam um certo sentido nas incertezas.
Um nó, dois nós, três nós. Conto o tempo que não consigo adormecer. Está calor na cidade de Lisboa com um tempo bipolar em que oferece um espetáculo de relâmpagos em pleno Julho. Como gosto de ver trovoada. Como ela parece tão longínqua. É um momento arrebatador. Uma sensação inquietante de querer, mas não poder colar os meus lábios aos teus. Ironia do destino. Tanto tempo passou, tantas possibilidades de nos cruzar, mas foi o agora que nos envolveu. Não consigo dormir. Há um desejo proibido que o torna ainda mais apetecível. O fruto proibido é sempre o melhor, dizem. Confirmo. Confirmo que estou numa situação de tulipa negra em que a sedução, a elegância e amor proibido se torna tentador. O espetáculo de luzes acelera o meu corpo. Eletrifica todo o meu ser, dou voltas e voltas a uma cama já usada por ti. Há cheiros e um misto de memórias partilhadas naqueles lençóis. O relâmpago do desejo.