Ana Ribeiro Ana Ribeiro

Amor,

Admito em voz alta o que quebrou a minha alma. Enrolo o meu corpo em loucura. Só preciso de mim.

Já me esqueci de ti. Surges em momentos que não te pedi. Tiraste-me vida, mostraste-me o que era insignificância e pequenez na minha forma. Sublinhaste a angústia de não te ver e criar o mito que a amarra fazia parte do ciclo em te amar. Perdeste os teus sentidos num copo. Deixaste borbulhar em choro e desespero silencioso. Arranjaste tempo de qualidade perdido em mais um golo. É só mais uma? Não, são só 3, mas já lá vão 5,6,7,... Como me acusas e chegas até mim. Esse dizer que eu não sou nada. Que não faço nada. Vai para a montanha. Sê o lobo solitário que desejas. No entanto, entre copos continuas. E eu, entre jantares espero e sinto uma cadeira vazia ao meu lado. Num grito, num dizer ditas que acabar com a tua vida era o que querias. Remeto para mim mesma o que fiz para induzir a isto? Amor, já não somos amor. Somos uma ligação que se perdeu entre líquidos e horas mal passadas, não apoiadas. Deixaste-me em promessas de chegar, mas a cadeira continua vazia. Preenchida ela é , com inveja, raiva e monólogos. Amor, onde nos perdemos? Onde te encontras? Não suporto. Asfixio. Amor, já não nos reconheço. Não digo que seja um fim, mas um até já. Choro pelo passado, mas o presente esquarteja o meu corpo. Já não me revejo. Já não me sinto. Perdida entre a solidão amorfo num vazio. Rasgas a ferida. Bato o pé. Afirmo a minha pessoa. Já chega desta necessidade de preencher um vazio que já se perdeu. Que faço aqui? Já não sinto nada em mim. Corro entre caminhos e as gotas da chuva escorrem pela minha pele. Sujo os pés entre a lama do campo e encosto-me entre os troncos das árvores. Procuro um desabafo. Sinto vergonha. Admito em voz alta o que quebrou a minha alma. Enrolo o meu corpo em loucura. Só preciso de mim. Isto não é amor. Amor, onde te perdi?

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