Corpo meu, é meu

O meu corpo, cuido eu. Proclamo em mim. Ele é a forma da minha alma colocada neste Mundo. Ele tem posição. Ele tem ondas, ele é uma continuação de todo o meu pensamento e expressão. Quem és tu para definires os meus limites? Quem és tu para dizeres que a minha condição de mulher é um entrave? Quem és tu para ditares que passo de mão em mão sem escolhas no meu caminho? Não me tapo. Não me calo. Não aceito que me acuses de louca quando só pinto os meus lábios de vermelho. Irreverente posso-me tornar e não te peço permissão. Não peço desculpas. Não peço nem suplico que me ames como se houvesse esta necessidade constante de te agradar. Amor tóxico. Não sou o teu muro. Não sou a tua consciência, essa já a deverias ter assumido. Sou o fundo da minha minha palavra que grita por mim mesma, pela liberdade autêntica do meu corpo sem as amarras culturais impostas. Voo em desespero pelas vozes que vomitam dor, mágoa e saudade. Que ficam presas pelo vento e não têm espaço para se ouvir. Nomes se perdem entre tecidos e prisões do corpo. Mamas me definem. Vagina me conduz. Mas é isso que fala por mim? Vês-me, mas não me vês. Sentes, mas só me sentes? O que é isto de ser mulher? Camadas construídas de percepções em medo que o meu poder possa ser maior que o teu? Inferioridade questionas tu. Errado, meu caro. O problema encontra-se nesta batalha constante que é uma necessidade somente tua! Comes poder, vomitas conflitos e proliferas palavras sem pudor. Sentado tu nessa poltrona apontas o dedo de facilitismos. Jogo sujo ditas sem caminhar descalço. Brincas com os corpos que não são teus. Defines posturas somente tuas. Jogo de mentiras, sujo em que não entro. Esse é o teu problema que bombardeaste no Mundo. Um Mundo que definiste por Lei. Não sou pátria nem família. Nem terra nem pavio. Sou água, sou vento, sou árvore. Sou livre de pensamento. Corpo meu é Meu.

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