8 minutos.

É estranho quanto mais tempo passa mais um vácuo fica. Desabafos foram trocados e pensamentos profundos compartilhados. Derramo pela necessidade de um "olá", "como estás?", sem saber se haverá resposta do outro lado. Dessa forma, fico estagnada entre a sensação de voltar a dizer algo. Como o sexo torna tudo, de certa forma, mais complexo. Não pergunto se há a possibilidade de um copo, porque a resposta pode ser um possível não. Não escrevo as maiores parvoíces que se cruzam na minha mente, porque pode haver sempre outras interpretações. Sinto entre o impasse da minha razão versus emoção. Não me sinto a comprometer com tudo isto que escrevo. Conexões nutridas são aquelas regadas, não esquecidas. Entre a chuva a cair dou por mim a reler livros que me suscitaram o prazer pela escrita. Eles são histórias de amor sempre com um fim, não aquele do "felizes para sempre", mas "alguém morreu" ou "o dia nunca foi o dia".



8 minutos. Sabias que 8 minutos é o suficente do tempo para comunicar com alguém, para perguntar como a pessoa está? Alguém do outro lado também quer ouvir a tua voz.


O medo de conexões parece um compromisso, deste mundo, tão longínquo de alcançar. Entre e contra o tempo se perdem com a desculpa de um trabalho forçado obrigado. De certeza que não é tal que se leva para a cova (ou seja o que for feito com o nosso corpo sem a alma). Talvez, nem valha pensar em tal facto. Realmente o que interessa? O tempo que virá? Aquele que passou? Ou o presente? Aquela conversa, aquele mimo, aquela mão e ombro que se congela por segundos. Não há um compromisso de conexões, simplesmente é a natureza da existência humana. A essência de sobreviver, é sentir. Expelir tudo o que suga. Não é sentir pequenez e arrependimento ou competição. Ou desejo pelo amanhã. É o agora. São 8 minutos, um pensamento que fica congelado entre mensagens. 8 minutos é o tempo contado que se consome ao carregar num número e pensar que há alguém do outro lado. Talvez seja mesmo só uma conversa. Um choro em conjunto. Uma gargalhada dos calabouços do ventre. 8 minutos de compaixão e cumplicidades de um momento. Esses minutos que se perpetuam num continuo desejo de ramificações. 8 minutos de um tempo que parece finito, mas não se expande num vácuo de vozes por dizer. Escrevo este desabafo de chegar a ti, no sentido em que quando digo, já não tenho isto há algum tempo é uma realidade. Não é um mês. São dois anos. Entre esse espaço de tempo já não o tinha com quem tive que deixar para trás. Possa parecer demasiado da minha parte, talvez. (Sou feita de rasgos.) Este meu pedido não é um para sempre ou amanhã, é um agora, 8 minutos.
Pergunto, tens 8 minutos?



Talvez preciso só mesmo de um amigo, para estar em as minhas leituras solitárias e o café a aquecer a alma. Entre gargalhadas e choros fico entre o som da música que trespassa o meu corpo como uma faca. Não sei se é ainda pelo sangue que corre em mim ou uma mera palavra esquecida. Pela primeira vez abro um espaço desta minha armadura e fica esquecida no tempo sem resposta. Ficar a espairecer entre o tempo por contar a olhar para um teto pintado de branco.

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