Ana Ribeiro Ana Ribeiro

8 minutos.

A essência de sobreviver, é sentir. Expelir tudo o que suga. Não é sentir pequenez e arrependimento ou competição. Ou desejo pelo amanhã. É o agora. São 8 minutos, um pensamento que fica congelado entre mensagens.

É estranho quanto mais tempo passa mais um vácuo fica. Desabafos foram trocados e pensamentos profundos compartilhados. Derramo pela necessidade de um "olá", "como estás?", sem saber se haverá resposta do outro lado. Dessa forma, fico estagnada entre a sensação de voltar a dizer algo. Como o sexo torna tudo, de certa forma, mais complexo. Não pergunto se há a possibilidade de um copo, porque a resposta pode ser um possível não. Não escrevo as maiores parvoíces que se cruzam na minha mente, porque pode haver sempre outras interpretações. Sinto entre o impasse da minha razão versus emoção. Não me sinto a comprometer com tudo isto que escrevo. Conexões nutridas são aquelas regadas, não esquecidas. Entre a chuva a cair dou por mim a reler livros que me suscitaram o prazer pela escrita. Eles são histórias de amor sempre com um fim, não aquele do "felizes para sempre", mas "alguém morreu" ou "o dia nunca foi o dia".



8 minutos. Sabias que 8 minutos é o suficente do tempo para comunicar com alguém, para perguntar como a pessoa está? Alguém do outro lado também quer ouvir a tua voz.


O medo de conexões parece um compromisso, deste mundo, tão longínquo de alcançar. Entre e contra o tempo se perdem com a desculpa de um trabalho forçado obrigado. De certeza que não é tal que se leva para a cova (ou seja o que for feito com o nosso corpo sem a alma). Talvez, nem valha pensar em tal facto. Realmente o que interessa? O tempo que virá? Aquele que passou? Ou o presente? Aquela conversa, aquele mimo, aquela mão e ombro que se congela por segundos. Não há um compromisso de conexões, simplesmente é a natureza da existência humana. A essência de sobreviver, é sentir. Expelir tudo o que suga. Não é sentir pequenez e arrependimento ou competição. Ou desejo pelo amanhã. É o agora. São 8 minutos, um pensamento que fica congelado entre mensagens. 8 minutos é o tempo contado que se consome ao carregar num número e pensar que há alguém do outro lado. Talvez seja mesmo só uma conversa. Um choro em conjunto. Uma gargalhada dos calabouços do ventre. 8 minutos de compaixão e cumplicidades de um momento. Esses minutos que se perpetuam num continuo desejo de ramificações. 8 minutos de um tempo que parece finito, mas não se expande num vácuo de vozes por dizer. Escrevo este desabafo de chegar a ti, no sentido em que quando digo, já não tenho isto há algum tempo é uma realidade. Não é um mês. São dois anos. Entre esse espaço de tempo já não o tinha com quem tive que deixar para trás. Possa parecer demasiado da minha parte, talvez. (Sou feita de rasgos.) Este meu pedido não é um para sempre ou amanhã, é um agora, 8 minutos.
Pergunto, tens 8 minutos?



Talvez preciso só mesmo de um amigo, para estar em as minhas leituras solitárias e o café a aquecer a alma. Entre gargalhadas e choros fico entre o som da música que trespassa o meu corpo como uma faca. Não sei se é ainda pelo sangue que corre em mim ou uma mera palavra esquecida. Pela primeira vez abro um espaço desta minha armadura e fica esquecida no tempo sem resposta. Ficar a espairecer entre o tempo por contar a olhar para um teto pintado de branco.

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Ana Ribeiro Ana Ribeiro

Tempo,

Andas de decisão em decisão, em mentes que ditam o passado, presente e o futuro.  Um tempo de cisne negro que visita a nossa Era. Algo disfarça esta busca por controlo. Esta necessidade de te justificar e ser individual, um solo constante.

Entre ciclos corres na tua exatidão. És preciso na tua forma concebida ao dar um significado de produção. São 9h, são 10h, são 19h. Não há tempo. Continuas a rodar entre um eixo contínuo e entre a explicação humana que se define em números. Não me revejo neste tempo. Somos tratados como máquinas não pensantes que rasgam a sua forma até ao momento de não ter tempo. De viver para produzir, mecanizar, correr contigo e contra ti. Não há tempo, oiço entre conversas. O céu encontra-se nublado como uma manhã marcada por um peso sinistro. O ar parece diferente e os pássaros continuam a cantar. A Humanidade quebra-se a si própria, enquanto que a rotação continua e o tempo corre. Andas de decisão em decisão, em mentes que ditam o passado, presente e o futuro.  Um tempo de cisne negro que visita a nossa Era. Algo disfarça esta busca por controlo. Esta necessidade de te justificar e ser individual, um solo constante. Busca-se o controlo, uma razão tangível, para os factos. Mas tu simplesmente passas na simplicidade metódica do teu bater.
Mergulhada no teu oceano em que oiço o sino na igreja a dar badaladas. Uma espécie de companhia que se traduz num ritmo, num coro falso. Elas dizem-me que são horas de almoçar, é tempo de arrumar. É tempo de trabalhar. É tempo, tempo, tempo. Rodo no teu sentido. Sou ponteiro descontrolado nos teus números que nada me dizem, só me ditam.

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